TELEVISÃO



O  SÉTIMO  GUARDIÃO E A  VITÓRIA DO REALISMO  FANTÁSTICO 

Chegando  na  reta final, novela de Aguinaldo Silva agrada o público saindo do lugar lugar comum e mesmices que tanto marcam os folhetins .

Em uma  entrevista  para  os jornalistas André Bernardo  e Cintia Lopes, Aguinaldo Silva, 75 anos declarou que não voltaria a usar mais doses de “realismo fantástico “, em suas novelas , linguagem que usou e abusou em novelas de sucesso como “ Tieta”  e    Pedra sobre Pedra “ .

“ Descarto ! “ , afirmava ele na época que a realidade tornara-se tão forte, tão intensa que o realismo fantástico virou uma coisa meio  ingênua .

Aguinaldo Silva, dramaturgo, escritor, roteirista, jornalista, cineasta e telenovelista brasileiro é o único .
O único do casting de autores da Rede Globo que só escreveu novelas para o horário nobre .
O único autor do mundo que possui dois prêmios “ Emmy Internacional “ .

Acumulou sucessos na televisão brasileira com  “ Roque Santeiro “ ( 1.985)   , “ ValeTudo “  ( 1.988 )  , “ Tieta “  ( 1.989 ) .

Em 2.015 recebeu o prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela, por “ Império “  ( 2.014) .
Um ano antes recebera da então Presidente do Brasil , Dilma Rousseff, o título de comendador da Ordem do Mérito Cultural .

Pernambucano de nascimento, Aguinaldo Silva é o autor da atual novela das 21:00 horas na Rede Globo , “ O Sétimo Guardião” ,  em que volta usar  altas doses do seu “realismo fantástico “ .

Define-se por realismo fantástico, um movimento um movimento literário surgido no início do século XX , onde a narrativa se incorpora em situações mágicas e incomuns, bem como apresenta-se personagens com o mesmo tom de magia .

Para o bem dos espectadores, Aguinaldo Silva retomou  seu bom “humor mágico “ .
O ibope da novela oscila entre 28 e 30 pontos.

Um número de respeito em tempos de Yotube e Netflix, e mais respeito ainda se pensarmos na trama incomum da novela, que gira em torno de uma fonte de água mágica localizada em uma cidade fictícia e dentro de um estranho casarão .

Alguns personagens se tornaram guardiões protetores da fonte mágica, das mais diversas profissões, de cafetina a médicos e padres !



Nos capítulos atuais, já estão sendo eliminados por um misterioso assassino.
Existe o “ guardião mor “ , morador do casarão, que se torna líder .
Ao estar próximo a troca do sexto guardião, era hora de um novo líder assumir .

O Sétimo Guardião.

Achar o substituto se tornou tarefa de um...gato preto .

Mas não se preocupem .

O bichano já virou gente .

Quando escrevo que para o bem de todos Aguinaldo Silva retomou o realismo fantástico, é por que enfim, os assíduos espectadores de novelas podem se livrar um pouco da velha fórmula, para mim já insuportável, ou seja  mocinha / mocinho / vilã ou vilão .

Evidente que “ O Sétimo Guardião “ tem seus mocinhos e mocinhas, vilãs, vilões e triângulos amorosos, mas estes  se tornam secundários diante de tudo que foi criado em torno da fonte mágica .
Ainda traz agradáveis surpresas, como  a volta ao horário nobre  da  inesquecível Elizabeth Savalla, em um personagem impagável, Mirtes Aranha .

De queridinha nas novelas da saudosa Janete Clair, nas décadas de 70 e 80, a talentosa  atriz estava meio esquecida nas novelas das 18 horas .

O consagrado ator Toni  Ramos deixa de lado o  galã ou o herói para encarnar um vilão capitalista . Desbancou até mesmo a vilá principal, Valentina ( Lílian Cabral ), que estava dando um banho de humor  e maldade em sua atuação.

O triângulo amoroso é defendido por Bruno Gagliasso, Marina Ruy Barbosa e José Loreto .
Outro personagem emocionante é o do Senhor Sóstenes  (  Marcos Caruso ) .

Aguinaldo Silva afirma que o público brasileiro é muito exigente, por isso trata capítulo como se fosse o penúltimo, ou seja, dando todos os ganchos para que o espectador volte para assistir a continuidade .
E a receita dá certo, cada capítulo termina com um suspense irresistível .

Uma das características do estilo de Aguinaldo são os famosos tipos cômicos que mais são aceitos pelo público, ma com uma particularidade que instiga .

O prefeito corrupto defendido por Dan Stulbach, o machista incurável de Marcelo Serrado e o curioso personagem Adamastor (  Thedoro Cochrane  )  , que afirma não ser homossexual mas se cerca de requintes e bom gosto dando ao mesmo um toque  extremamente afeminado .

Em tempo :  Se em  1.999  um grupo gay da Bahia  se pronunciou contra Aguinaldo por apresentar um personagem em outra novela por demais afeminado,  o autor consegue fazer com que o seu Adamastor desta vez seja um dos mais queridos .

E se em 2.005 o “ beijo gay “  foi censurado em sua novela “ América”, o “ selinho” entre o personagem Feliciano (  Leopoldo Pacheco )  e Adamastor  foi mais que aprovado .

Afinal os tempos são outros.

As estórias também de ser outras .

Enfim ...” O Sétimo Guardião “ está prestes a entrar na lista das novelas inesquecíveis do Brasil .



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